AOS MEUS, COM CARINHO

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Não busquem certezas aqui! Esse é o lugar de muitas dúvidas. Aqui não há exatidão porque os pensamentos se contradizem e a visão não segue uma única direção.

Não perguntem que caminhos devem seguir! Eu não os conheço. Posso acompanhar suas jornadas, caminhar com vocês, alegrar-me com as suas conquistas, apoiá-los nos tropeços mas nunca saberei se o que está sendo feito é o mais correto. Eu sei… é constrangedor num mundo de tantos oráculos não saber o que dizer, quando vocês precisam ouvir.

Acreditem, não foi por falta de iniciativa! Já tentei aplicar o conceito de custo de oportunidade para as escolhas que fazem e foi fácil perceber os limites da régua econômica para elas. Como averiguar se vocês seriam mais felizes se tivessem optado por outros caminhos? Como saber se teriam sofrido menos? Definitivamente preciso encontrar novos modelos de apreciação. Os que conheço não refletem as suas opções. 

Talvez o uso das nossas mais complexas atividades cerebrais pelas quais o neocórtex é responsável não sirvam para definir as vias a serem trilhadas . Quem sabe precisaremos atentar para a intensa movimentação dos nossos sistemas límbicos, encarregados pelas respostas emocionais. Quem sabe olhando profundamente para o meu, possa encontrar o compasso adequado aos seus.

Surpresos?! Não fiquem! Conter as emoções jamais significou não senti-las. Elas explodem dentro de mim. Sou uma mina carregada de fartos explosivos de fáceis e acessíveis gatilhos. Encho-me dos sentimentos que percebo em vocês. Se estão angustiados, é assim que me sinto. Quando estão contentes, sou embalada pela felicidade que vejo. Estou definitivamente atrelada a vocês. 

Não, isso nem sempre é confortável! O laço que nos une às vezes aperta demasiadamente, sufoca-me. Nesses momentos, as atividades mais altas do cérebro dizem que eu não preciso suportar. Mas é no limbo cerebral que faço as minhas apostas, é nele que a nossa união toma forma, é lá que ela se fortalece, é ali que permanece eterna. E isso me faz sentir uma imensa necessidade de entender porque depois de tanto tentar desenvolver a razão, vejo-me melhor nas emoções. Mas isso significaria encontrar respostas e elas seriam diferentes a cada momento, entrariam em contradição e abririam espaços para mais dúvidas. 

É mais fácil escolher a razão!  Podemos prever cenários. Definir metas e objetivos. Elaborar as estratégias. Escolher a metodologia. Traçar os caminhos. Somos também capazes de calar as emoções. E ao final dessa trilha será possível festejar o alcance da meta. Mas talvez precisaremos esquecer o caminho porque ele nos privou da nossa própria companhia. Isso seria doloroso demais para nós. 

Arriscar nas emoções?! Pode ser, mas os sentidos serão parcialmente prejudicados e há o risco dos sentimentos sequestrarem a razão. Nesse caso, provavelmente não alcançaríamos os objetivos mal desenhados, entretanto guardaríamos para sempre a trajetória, porque nela haveria espaços para os nossos sonhos, ainda que eles beirassem a insanidade.

Não me entendam mal! As indefinições se dão entre os certos e os mais corretos rumos. Porque no confronto com o indesejável; no enfrentamento ao asqueroso, ao vil e; na defrontação com as violências e com as injustiças a lentidão do neocórtex e a rapidez do sistema límbico encontram equilíbrio. E ali situam-se as minhas certezas.

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