Os transplantados cardíacos de Alagoas poderão, agora, concentrar todo o atendimento ambulatorial, fazer exames como mapa, holter, receber acompanhamento com equipe multiassistencial formada por psicólogos, assistentes sociais, nutricionistas, fisioterapeutas e todo corpo médico em um único lugar. No Hospital do Coração Alagoano Professor Adib Jatene, localizado no bairro Cidade Universitária, em Maceió.
Inclusive, poderão pegar no Hospital os medicamentos imunossupressores. Com a centralização de todo tipo de atendimento que o transplantado cardíaco precisa, o Hospital do Coração Alagoano está reestruturando a política de transplantes de coração no Estado e planeja realizar as cirurgias de transplante de coração – que estão temporariamente suspensas em Alagoas – até dezembro deste ano.
A informação foi passada pelo diretor, médico Otoni Verissimo, na tarde de ontem (28), à parte, ao grupo transplantados cardíacos de Alagoas. Desde que o primeiro transplante de coração foi realizado em um alagoano, outros 53 já foram realizados.
“O Hospital do Coração Alagoano tem o maior e melhor parque tecnológico e centro cirúrgico. Somos referência em atendimento ao paciente portador de cardiopatias. Garantimos aqui a mesma assistência que o paciente cardiopata receberia em qualquer outro hospital do país”, garantiu Otoni Veríssimo.
A novidade deixou a transplantada Adriana Pereira de Oliveira, bastante animada. Ela vive com um novo coração há 14 anos. É uma das mais alegres do grupo.
“Eu amo a minha vida. E desde que recebi uma nova chance de viver, minha gratidão pela vida só aumentou”, afirmou. Adriana é uma espécie de liderança festiva entre os pacientes transplantados. E sempre que toma conhecimento de alguém que recebeu um novo coração, espera o tempo de recuperação do paciente para dar as “boas-vindas à nova vida”, ainda no hospital.
Com a centralização, o atendimento ao cardiopata vai se tornar, inclusive mais ágil, explicou o diretor do Hospital do Coração Alagoano. “Iremos acompanhar o paciente ainda mais de perto e estaremos atentos, por exemplo, se o paciente transplantado aumentar o peso corporal.
“Será encaminhado à equipe nutricional para que o ganho de peso não comprometa a qualidade da saúde do transplante. Uma vez que, ao receber o novo coração, o órgão doado é compatível às medidas do receptor como peso e altura”, explicou Otoni Veríssimo.
A expectativa da coordenadora do Serviço Social, Ana Cláudia de Jesus, é também a de aumentar a captação de doadores e diminuir o tempo entre a doação e a receptação do órgão.
Dos transplantados que foram ao Hospital do Coração Alagoano, na tarde de ontem, quando a direção passou o comunicado sobre a centralização dos serviços, o mais novo transplantado era Alexandre Silva de Vasconcelos. Aos 43 anos, ele recebeu o novo órgão há cinco anos.
Junto da esposa Eliane Maria dos Santos, Alexandre Silva agradece a cada dia a nova chance que recebeu da vida. Inclusive, por um dos netos ter nascido depois que ele teve alta hospitalar.
“Tenho dois netos. Amo os dois da mesma forma. Mas quando olho para a caçula passa um filme na minha cabeça. Choro quando eu penso que poderia não ter visto ele nascer. Sofro quando penso que poderia estar sem esse convívio. Nesse momento vem logo a lembrança de que alguém de bom coração me deu a chance de eu continuar a viver”, contou, emocionado.
O relato só foi interrompido pela esposa de Alexandre, Eliane Maria, que reclamou do comportamento do esposo. Segundo ela, muito danado. “Eu que me vire para cuidar dele em casa. Desde que recebeu o transplante está mais travesso. Dia desses queria até subir em uma árvore. Vou contar tudo ao médico na próxima consulta, senão eu que vou enfartar.”
Se depender do profissionalismo, empenho e dedicação do médico Laio Caju Wanderley, da equipe de cirurgia cardíaca, tanto Alexandre quanto os demais pacientes terão vinda longa, saudável e cheia de histórias para contar.
“Estamos com um excelente suporte para acompanharmos todo o atendimento clínico, o pré e o pós cirúrgico”, afirmou o médico que é filho do renomado cardiologista José Wanderley, idealizador do Hospital do Coração Alagoano.
José Antonio da Silva e Flávio Freire dos Santos, ambos de 50 anos e ambos transplantados há 14 anos, firmaram uma amizade nos leitos do hospital onde realizaram o transplante, que dura até hoje.
Recebemos nossos novos corações praticamente ao mesmo tempo. Foram poucos dias de diferença entre os transplantes. Ainda não teve jeito, tive que sair do hospital com esse irmão que a vida me deu’, lembrou o José Antonio da Silva, sob o olhar atento e emocionado do Flávio Freire dos Santos. “Desde que recebi meu coração, vi meu filho casar, vi um neto nascer. É muita gratidão”, disse.
O diretor do Hospital do Coração Alagoano, Otoni Veríssimo explicou que uma pessoa só entrar para a fila única de transplantes de coração depois que todas as possibilidades terapêuticas não surtem mais efeito. Desde medicamentos a marca-passos, por exemplo.
HOSPITAL
O Hospital do Coração Alagoano foi inaugurado em 2021. O complexo hospitalar atende exclusivamente pacientes cardiopatas do estado, contando com uma estrutura inicial de 52 leitos, além de toda ama estrutura de apoio à UTI. Atende via regulação casos de média e alta complexidade dos 102 municípios alagoanos.
Suas especialidades médicas são: cardiologia, clínica geral, nefrologia, neurologia, vascular, endocrinologia, cardiopediatria, radiologia, arritimiologia, ecografista, infectologia, hemodinamicista.
Realiza exames complementares de: tomografia, ecocardiograma, eletrocardiograma, ressonância magnética, MAPA, Holter e teste ergométrico. Além de cirurgias nas especialidades: cardíaca, vascular, cardiopediatria.
Por Valdete Calheiros – colaboradora com Tribuna Independente