Chegou o período que, se não é o mais popular, pelo menos deveria. Quantas lembranças boas a gente não tem guardadas na mente. Quantas expectativas de fazer o melhor “Arraial” de todos os tempos. Quantas mobilizações eram feitas pelos moradores de nossa rua.
Saudades daquela procura incessante por palhas de coqueiro para cobrir o palhoção. Era realmente um verdadeiro clima de festa. Os adultos cuidando das tarefas mais complexas, e as crianças na preparação das bandeirolas e ornamentação simples e aconchegantes.
Uma tradição que se repetia todos os anos, mas que nunca era algo impraticável aos nossos bolsos. Infelizmente, hoje em dia, o que vemos, e com muita tristeza, é algo que não possui o mínimo de fundamento.
O modernismo é algo inevitável, mas as tradições precisam ser mantidas. Sei que as “fogueirinhas de São João” causavam alguns transtornos. Todos nós temos convicção do mal que os fogos causam a muitos, principalmente aos animais, e por tanto, mereciam sim, ser proibidos.
Mas o que vemos hoje em dia, é uma indústria milionária que simplesmente aniquilou o tradicional festejo junino. São verdadeiras organizações capitalistas que tiraram o brilho da tradição e da festa e se preocuparam apenas com o brilho da conta bancária.
São estruturas faraônicas, direcionadas a um público específico, e que nunca se preocuparam com outra coisa que não seja o lucro podre e muitas vezes superfaturado.
Uma verdadeira organização, que envolve, na maioria das vezes, prefeituras que teriam, sim, muitas outras prioridades para tais verbas.
São empresas que não valorizam os valores da terra, ao contrário, fazem questão de colocá-los em segundo plano. É um verdadeiro absurdo o que se paga à uma “estrela” sertaneja em relação a um artista da região.
O que uma prefeitura paga a uma “atração” dessas, daria no mínimo, para pagar o cachê de dez cantores nordestinos (locais), e ainda sobraria muita grana, para investir na cidade, que na maioria das vezes, passa por necessidades de todos os tipos.
Infelizmente, o capitalismo passou a fazer parte de todos os segmentos de uma sociedade, sendo assim, a tradição, cultura e reconhecimento dos valores da terra, passaram a ser coisas do passado.
Minha homenagem, respeito e toda a solidariedade ao magnífico cantor popular Flávio José, que simplesmente foi impedido de fazer o seu show completo em Campina Grande, devido a grade de programação, que previa a apresentação, em seguida, de uma dessas “estrelas” do sertanejo. Um erro gritante e irreparável, para com esse que sem dúvida alguma, é um dos maiores representantes da arte popular nordestina.