Meu bondoso Papai Noel, aqui estamos em vossos pés!
Dai-nos chuvas de abundância, e muita seca de ganância.
Dai-nos muita paciência, tire daqui essas tantas proeminências.
Juro, não quero mais um carro novo agora, por enquanto, eu só peço que o sol nasça amanhã de novo.
Esse ano, possuir uma bicicleta que hoje chamam Bike, deixe para depois. Ganhá-la, só se o alvorecer do dia seguinte nos der a esperança de se haver conosco muitas outras vezes.
Donde o senhor vem, tem remédio que cura fome de poder?
Acho que precisamos dessa meizinha que suavize essa mania de querer ter tudo e ser sempre mais. De querer ser dono das coisas. De querer ser dono de todos os destinos.
A fúria parece estar solta, como uma ventania que ultrapassa a velocidade segura de cruzeiro.
Dizem que o sol está bravio e influenciando a cabeça da humanidade. Nós só sabemos que nosso destino está sendo traçado por alguns Senhores dos Anéis.
Há crise no mundo, como há um mundo de crises em cada uma e em cada um de nós. As guerras, as vontades perambulantes de poucos dominarem muitos, coadunam com a fome de muitos para alimentar um punhado de poucos – pouquíssimos seres que engordam com a desesperança do sentimento amplo e difuso de nossas almas, pobres mortais.
As nossas idolatrias, o que veneram?
Converse com a turma aí de cima, acalme-os.
Nosso melhor presente neste Natal seria uma nova oportunidade de viver a plenitude da nossa condição humana, a divindade que carregamos e não usamos.
Meu bondoso Papai Noel, traga-nos um pouco mais de fé, temperada com um pouco mais de fraternidade.
Ah! Não esqueça de trazer a força e a esperança que perdemos em construir dias melhores.
Acho que é isto o que precisamos para todo o sempre. Amém!
POR CARLO BANDEIRA