Vereador acusa BRK de crime ambiental em Murici

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Rio Mundaú vem recebendo esgotos da cidade de Murici sêm o devido tratamento dos resíduos – Foto: Edilson Omena

Em julho de 2021, a BRK – a gigante do grupo canadense Brookfield, que atua em mais de 120 municípios brasileiros, começou a operar em 13 municípios alagoanos, depois de vencer o leilão para a concessão dos serviços de abastecimento de água e esgotamento sanitário nas cidades de Atalaia, Barra de Santo Antônio, Barra de São Miguel, Coqueiro Seco, Maceió, Marechal Deodoro, Messias, Paripueira, Pilar, Rio Largo, Satuba, Santa Luzia do Norte e Murici, por 35 anos. A empresa, que começou sua operação assistida junto à Casal, para conhecer o funcionamento dos sistemas de água e esgoto, parecia ser a solução para o grave problema do saneamento básico e qualidade da água para os moradores desses municípios.

Mas, a realidade após três anos, se mostra bem diferente. Praticamente, em todos os municípios as reclamações são as mesmas: a qualidade da água não melhorou, as tarifas cobradas subiram exageradamente e o saneamento básico, em muitos locais, é praticamente zero. Um bom exemplo é o conjunto Pedro Tenório Raposo, em Murici, onde os moradores, a maioria vivendo do auxílio federal do Bolsa Família, estão tendo que pagar tarifas de água até maiores do que recebem. E pagam ainda a taxa de esgoto, apesar do saneamento lá, não existir.

Neste conjunto, o vereador Macio Tenório, depois de entrar em contato com a reportagem do Sistema Tribuna de Comunicação, fez sua primeira ambiental contra a BRK, após um pronunciamento na Câmara Municipal.

A reportagem esteve no local e pode comprovar a existência do que deveria ser uma estação elevatória, mas totalmente abandonada, e onde também fica localizado o recém batizado “Rio da BRK”, um canal de esgoto a céu aberto que deságua no rio Suiá, um afluente do Rio Mundaú.

Vereador Mácio Tenório mostra “Rio da BRK”, esgoto que deságua em afluente do Rio Mundaú (Foto: Edilson Omena)

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No conjunto residencial, as famílias precisam ficar de olho nas crianças para não caírem na estação de bombeamento, que vive aberta e com poços profundos de água parada, com focos de mosquito, além do esgoto que corre ao lado das casas.

Mesmo sem os serviços, os moradores têm que pagar altas tarifas. A dona de casa Silvania Firmino apresentou uma conta superior a R$ 800, e diz que teve que fazer um empréstimo para poder pagar.

O vereador Mácio Tenório acompanhou equipe de reportagem até o Conjunto Antenor Marinho, bem perto do centro da cidade, onde deveria funcionar a Estação de Tratamento de Esgoto, mas que está abandonada. Neste local a estação virou um grande esgoto a céu aberto, batizado de “bostão´´ pelos moradores, já que o esgoto de boa parte da cidade é despejado ali, que se encontra com outro rio de esgoto, e que vai diretamente para o Rio Mundaú.
Depois de várias denúncias e visitas ao escritório local da BRK, a Câmara de Vereadores decidiu entrar em contato com o Ministério Público e a Defensoria Pública, dando início aos trabalhos para confecção de uma Ação Civil Pública.

Segundo dados do IBGE de 2021, Murici conta com uma população de 28.428 habitantes, dos quais 23.530, ou seja, 82,77%, vivem na zona urbana. Desse total, segundo o Instituto Água e Saneamento, 4.898 habitantes não têm esgoto.

Por Claudio Bulgarelli / Sucursal Região Norte

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