MUVB reage às declarações de conselheiro e cita preocupação

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Cinco bairros em Maceió estão afetados por conta da mineração – Foto: Edilson Omena

Uma fala infeliz, arrogante e carregada de desprezo às vítimas da Braskem em Maceió. Foi como os integrantes do Movimento Unificado das Vítimas da Braskem (MUVB) classificaram a declaração do conselheiro administrativo da Braskem, João Pinheiro Nogueira Batista.

“Creio que essa declaração do João Pinheiro Nogueira Batista, conselheiro da Braskem, não causou só indignação, trouxe algo muito preocupante na minha concepção, como por exemplo, ele anula o termo tragédia, por não ter pessoas mortas em decorrência de afundamentos e tragédias ligadas diretamente às minas existentes nos bairros afetados. Na cabeça dele, há um pensamento de que só pode ter vítimas, ou fatalidades se de repente as minas afundassem e levassem pessoas juntas. Mortes diretas, mas pessoas morreram diretamente e morrem indiretamente, não precisam ser soterradas para morrerem de forma direta, só precisam perder tudo o que um dia construíram com muito suor e esforço”, afirmou o professor Josivaldo da Silva, membro do MUVB.

Para ele, pior ainda é o massacre e a opressão com que esses conselheiros e representantes superiores da Braskem tratam as vítimas. “Agora entendo essa situação, entendo as injustiças; pois um ser como esse falar que não existem vítimas, falar que não houve tragédia, sendo que essa é a maior do mundo em solo urbano, realmente é de se preocupar, é desumano, é de fato uma preocupação com a economia e não com as vítimas”.

Para Maurício Sarmento, integrante do MUVB, a declaração do conselheiro “foi brutal”. “Questionamos veementemente a afirmação da Braskem de que ‘ninguém morreu’ em decorrência dos eventos que impactaram diretamente 65 mil pessoas. Essa declaração é uma desconsideração brutal às consequências psicológicas devastadoras enfrentadas por todos nós que fomos obrigados a abandonar nossos lares. A realidade é dolorosa, marcada por 14 tragédias de suicídios, incluindo um ocorrido diante de uma residência de longa data.”

A Braskem emitiu posicionamento sobre o caso. Confira abaixo na íntegra:

“Em relação à publicação de um conselheiro na plataforma LinkedIn, a Braskem informa que não comenta declarações pessoais. A Braskem reitera seu compromisso e solidariedade irrestrita a todos os moradores da cidade de Maceió. Nossa prioridade continua sendo a segurança das pessoas. É para isso que trabalhamos incansavelmente há quatro anos nos trechos da cidade afetados pela subsidência e realocação.”

Por Ricardo Rodrigues – colaborador / Tribuna Independente

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