Colapso em mina ameaça todo bairro do Mutange

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Ruas do Pinheiro tiveram interdições aumentadas, após os alertas (Foto: Edilson Omena)

Em virtude da possibilidade de dolinamento (afundamento do solo) na região da Lagoa do Mundaú, o Ministério Público Federal (MPF) em Alagoas, o Ministério Público do Estado de Alagoas (MP/AL) e a Defensoria Pública da União (DPU) expediram uma recomendação de urgência para a Braskem, a Agência Nacional de Mineração (ANM) e o Sistema de Defesa Civil, a fim de que sejam adotadas providências quanto ao monitoramento da região afetada pelo afundamento do solo, bem como quanto ao atendimento psicossocial da população impactada pelo alerta de risco emitido na quarta-feira (28).

Segundo o MPF/AL, a recomendação conjunta orienta que as Defesas Civis do Município de Maceió, do Estado de Alagoas e Nacional atuem de forma integrada e coordenada em todos os níveis da Defesa Civil e que intensifiquem todas as providências para monitoramento adequado da região do Mapa de Linhas de Ações Prioritárias e adjacências, bem como da bacia do Complexo Lagunar Mundaú-Manguaba (CELMmM).

“As Defesas Civis devem estar atentas que caso seja identificada a necessidade de evacuação da residência por risco à vida e integridade física ou em razão das condições socioemocionais, que sejam adotadas as providências necessárias para encaminhamento a abrigo temporário em condições dignas”, afirmou.
Já a ANM deve intensificar o monitoramento das cavidades e das atividades que estão sendo realizadas em cumprimento aos planos de fechamento de minas elaborados e aprovados. E deve reexaminar os planos de fechamento de minas até aqui elaborados e aprovados, com indicação de eventuais novas exigências que se mostrem necessárias para garantir a segurança das pessoas e das atividades. Ainda segundo o MPF/AL, foi recomendado à Braskem que arque com os custos necessários e decorrentes da adoção das medidas requisitadas pelas instituições.

As instituições convocaram a Braskem, ANM, Defesas Civis Nacional, Estadual e Municipal e Serviço Geológico do Brasil (SGB/CPRM) para uma reunião emergencial próximo dia 1º de dezembro, no prédio-sede do MPF em Alagoas, para discutir as causas dos sismos que vêm ocorrendo na região das frentes de lavra de sal-gema existentes no bairro Mutange e as medidas necessárias à resolução da situação.

Alertas causam medo e moradores já se movimentam para evacuar regiões dos Flexais

Em Bebedouro, interdições provocaram filas de automóveis, principalmente na Ladeira do Calmon (Foto: Edilson Omena)

Por causa do risco, os moradores dos bairros afetados pela atividade de mineração da Braskem estão com medo de que aconteça uma nova tragédia. “Eles condenaram a igreja, que fica ao lado da minha casa, disseram que podia cair a qualquer momento, mas que a minha casa não estava em área de risco, sendo que fica ao lado, parede com parede. Agora, interditaram a via para o povo não correr risco, mas nós continuamos morando aqui. Isolam para o povo não correr risco e deixam a gente morando dentro da área isolada porque não somos povo. Isso pode afundar a qualquer momento e não tomam nenhuma providência”, afirmou o eletricista Manuel dos Santos, que ainda mora no bairro do Bom Parto.

Segundo o morador do Flexal de Cima Valdemir Alves, os órgãos públicos já sabiam do risco e nada foi feito. “Há quanto tempo nós estamos relatando o problema, buscando solução? Até agora nada foi feito e o pior vai acontecer. Como a gente já tinha avisado, os abalos vêm acontecendo há dias. Mas têm tentado esconder, mudar o rumo da história, o próprio coordenador da Defesa Civil diz que acontece poucas coisas, mas tecnicamente não prova e, de tanto querer esconder, o pior aconteceu, o grande abalo que não mexeu somente com a área do Mutange, mas também com a região do Pinheiro, a área da Belo Horizonte. O professor Abel Galindo disse que, de 2022 para 2023, as minas entrariam em colapso e hoje está acontecendo”, disse.

O Movimento Unificado das Vítimas da Braskem (MUVB) recomendou aos moradores das áreas próximas de onde há risco iminente de colapso irem para a casa de parentes. “Estamos todos assustados. Alguns integrantes do movimento fizeram uma live e estamos orientando as famílias dos Flexais e Marquês de Abrantes a irem para casa de parentes, procurarem um lugar seguro”, afirmou a integrante Neirevane Nunes.

Por Assessoria

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