Lula sancionou medida nesta terça-feira – Foto: Ricardo Stuckert/Presidência da República
Foi publicado nesta quarta-feira (4) no Diário Oficial da União lei que reserva 30% de vagas do serviço público a negros, indígenas e quilombolas. A medida foi sancionada ontem pelo presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva. Antes, a Lei de Cotas prevista uma reserva de 20% das vagas.
Outro mudanças é que agora o percentual inclui povos indígenas e a comunidade quilombola. Segundo Lula, a ação vai permitir que o Brasil possa ter um dia uma repartição públicas com “a cara da própria sociedade”.
“Ainda temos poucas mulheres, poucos negros, quase que nenhum indígena. Isso é resultado de uma briga que precisamos fazer todo santo dia. Não tem trégua. A luta da humanidade é infinita, ela nunca termina”, disse.
A medida abrange concursos para cargos efetivos e empregos públicos no âmbito da administração pública federal direta, autarquias, fundações públicas, empresas públicas e sociedades de economia mista controladas pela União. Também se aplica a processos seletivos simplificados para contratações temporárias de interesse público.
“Dia histórico”
Presente na cerimônia de sanção da lei, a ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, disse que a sanção presidencial representava um marco essencial para o país.
“Hoje aqui, com certeza, é mais um dia histórico, um dia em que o Estado brasileiro reconhece de forma concreta os direitos dos povos indígenas, quilombolas e da população negra de ocuparem espaços que historicamente lhes foram negados”, afirmou.
“É o resultado de uma longa caminhada de luta, é conquista do movimento indígena, do movimento negro e do povo quilombola. O acesso de indígenas ao serviço público ajuda a romper com a dicotomia entre urbano e rural no acesso aos espaços de decisão do Estado”, disse.
Quem também defendeu a ampliação das cotas foi a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco. “O aumento de 20% para 30%, a inclusão de quilombolas e indígenas, tudo isso é fruto de um governo humanizado, de um governo progressista, democrático, que cuida daqueles que mais precisam”, disse.
Representatividade
No Brasil, mais de 55% da população é composta por pessoas pretas ou pardas. Dos brasileiros abaixo da linha de pobreza, 70,3% são pretos e pardos; entre os jovens de 14 a 29 anos que não completaram o ensino médio, 71,6% são negros. Na renda média mensal, a de pretos e pardos é cerca de R$ 1.500, ao passo em que a renda dos brancos está em torno de R$ 2.800.
Nas empresas privadas, os cargos de serviços gerais – como portaria, segurança e manutenção – são majoritariamente ocupados por negros. Em cargos de liderança, o número reduz para 1%.
Por R7