Pesquisa realizada por doutoranda da Ufal mostra impactos das Unidades de Conservação na proteção aos manguezais

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As unidades de conservação (UCs) são importantes aliadas na preservação dos manguezais brasileiros, mas o mero reconhecimento legal dessas áreas de proteção é insuficiente para sua conservação. É o que revela um estudo recém-publicado na revista Ocean & Coastal Management, liderado pela pesquisadora Rosy Valéria da Rocha Lopes, doutoranda em Diversidade Biológica e Conservação nos Trópicos pela Universidade Federal de Alagoas (UFAL), e teve orientação da professora Ana Malhado, do Laboratório de Conservação do Século XXI (Lacos21), do ICBS/UFAL, e coorientação do professor Guilherme Demétrio, do Laboratório de Ecologia Vegetal, da UFAL Penedo.

A pesquisa avaliou a cobertura e a configuração dos manguezais entre os anos de 2000 e 2022, em 25 UCs distribuídas ao longo do litoral do Brasil. A partir de análises espaciais, métricas de paisagem e modelos estatísticos (GLMM), fatores como área, forma dos fragmentos e presença de instrumentos de governança — como conselhos gestores e planos de manejo — foram analisados e avaliados de que forma influenciaram na conservação dessas áreas.

“Queríamos entender se essas áreas protegidas estão funcionando na prática ou se permanecem apenas no papel, especialmente num ecossistema tão sensível e vital quanto os manguezais”, destaca a autora, que recentemente retornou de um período de doutorado sanduíche na University of Florida, nos Estados Unidos, onde realizou parte da pesquisa.

Os resultados mostram que, embora as UCs tenham sido eficazes em reduzir a perda e a fragmentação dos manguezais, a existência de instrumentos de gestão por si só não garantiu uma conservação significativamente melhor. “Esse dado reforça a importância de estruturas institucionais mais robustas e da atuação contínua da gestão local”, concluiu Rosy

O estudo traz uma importante contribuição científica tanto para a academia quanto para a formulação de políticas públicas. Os manguezais são ecossistemas costeiros fundamentais para a biodiversidade, para a segurança alimentar de populações tradicionais e para a mitigação das mudanças climáticas, devido à sua capacidade de sequestrar carbono.

“A pesquisa mostrou a importância da criação de novas Unidades de Conservação para a conservação dos manguezais, que, dentro dessas áreas, há menor perda da biodiversidade e maior preservação. Mas não basta criar, é necessário a implementação de fato e o acompanhamento das ações lá realizadas, através de uma gestão pública eficiente”, observou a Doutora em Biodiversidade e Conservação pela Ufal, Carolina Neves, que colaborou com a publicação.

Agora, os próximos passos da tese de doutorado de Rosy Valéria envolvem investigar a capacidade dessas unidades de conservação no sequestro e armazenamento de carbono. Para isso, a pesquisadora utilizará técnicas de sensoriamento remoto, geoprocessamento e dados de biomassa coletados em campo, representando um avanço importante no entendimento da conservação efetiva de ecossistemas costeiros no Brasil.

Para conferir A publicação está disponível no portal ScienceDirect, basta acessar o link https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S0964569125002005?dgcid=coautho

Por Assessoria

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