Há 5 anos sem deixar favela, traficante monta estrutura para fazer lipoaspiração

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Traficante professor – Foto: Reprodução/G1

Um dos chefes da facção Comando Vermelho, o traficante Phillip da Silva Gregório, o Professor, de 37 anos, comanda a compra de armas e drogas da facção de dentro do Complexo do Alemão.

De acordo com informações policiais, ele não deixa a comunidade há 5 anos temendo ser preso. Em função disso, o traficante montou dentro de casa uma estrutura para fazer tratamento dentário, implante de cabelo e lipoaspiração.

O g1 revelou que o esquema criminoso comandado por Professor paga propina a equipes de policiais para que não façam operações em comunidades dominadas pelo Comando Vermelho no Rio. Em uma delas, o policial chega a reclamar do baixo valor pago pelo traficante.

Em outra ocasião, em fevereiro de 2022, o traficante chega a reclamar que, apesar de pagar propina, os policiais estão apreendendo armas e drogas em suas comunidades.

Preso há mais de 10 anos

Mas a história de Philip no mundo do crime começou há mais de 10 anos.

Em 2012, Philip foi preso em flagrante carregando comprovantes de depósitos bancários com valores significativos feitos para traficantes da favela Nova Brasília, uma das comunidades do Complexo do Alemão. Em sua casa, a polícia encontrou ainda anotações contábeis e nominais em cadernos.

Nos registros policiais, Phillip da Silva Gregório, passou a responder por lavagem de dinheiro e ocultação de bens. Foi a primeira vez que o jovem apareceu em um Boletim de Ocorrência.

Em março de 2015, Professor foi preso em um sítio em Seropédica. Os agentes da PF identificaram que o local era utilizado para receber drogas, armas e munições adquiridas pela quadrilha. De lá, a droga era distribuída para as comunidades ligadas ao grupo.

Em um dos cômodos da casa, os policiais federais encontraram 100 quilos de cocaína. Interceptações telefônicas com autorização judicial mostram que, em 15 dias, Professor chegou a movimentar R$ 1 milhão ao negociar drogas ou armas.

Fuga de presídio

Preso, o criminoso foi levado para Bangu 3, onde ficou até 20 de julho de 2018. De lá, seguiu para o Instituto Moniz Sodré, tendo sido transferido em 18 de setembro daquele ano para o Edgard Costa. Dez dias depois, em 28 de setembro, Professor fugiu e não foi mais recapturado.

De volta ao Complexo do Alemão começou a ganhar status na facção. No linguajar do crime, Professor é o “matuto’”, a pessoa que manda no negócio, fornecendo drogas e armas fazendo negociações no exterior.

Para alguns investigadores, ele é uma espécie de sucessor do traficante Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar – preso em 2000, na Colômbia – , mas já é capaz de carregar o apelido de um dos fundadores do Comando Vermelho no fim dos anos 1970: William da Silva, até alguns anos atrás o único “Professor” na quadrilha.

A partir de 2020, o nome dele passou a ser ouvido como participante nos confrontos com a polícia. O criminoso mantém o papel de matuto, mas, diferente de outros que atuam como fornecedores de drogas ou armas, o bandido passou a ser reconhecido pelos policiais entre os traficantes durante as trocas de tiros.

Um vídeo que circulou em redes sociais, em 2021, mostrava fuzis com o nome “Professor”, chamando a atenção de policiais e mostrando o poderio do traficante na facção.

Na comunidade, Professor construiu uma casa com piscina e hidromassagem. Do local, ele tem uma ampla visão da região da Fazendinha. O criminoso chega a comemorar a obra durante um telefonema para um traficante que está no Paraguai:

Em casa, Professor chegou a receber visitas de uma médica para atendimentos. Mesmo após as consultas, ele buscou outros profissionais para implante capilar e até lipoaspiração. No local, o traficante ainda passou por uma cirurgia para retirada de estilhaços da cabeça.

Em 16 de janeiro de 2022, o criminoso escreve para um comparsa dizendo “tô nem com energia não”.

“Eu fiz uma cirurgia não te falei. Tirei um estilhaço de bala que tava na minha cabeça um tempão”, escreve Professor.

Por G1

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