POR RAFAELA TENÓRIO
A Polícia Federal iniciou a análise dos celulares e equipamentos eletrônicos recolhidos durante a operação Sem Desconto, deflagrada na última terça-feira (23), que apura um esquema de fraudes contra aposentados e pensionistas do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). A estimativa é de que os prejuízos somem aproximadamente R$ 6,3 bilhões, entre os anos de 2019 e 2024.
Por determinação da Direção-Geral e da Diretoria Técnico-Científica da PF, os peritos responsáveis devem priorizar a análise dos dispositivos apreendidos, considerados peças-chave para o avanço das investigações. Cada unidade da federação será responsável por conduzir os exames no âmbito local, enquanto a perícia dos celulares ligados ao inquérito principal ficará a cargo do Instituto Nacional de Criminalística, em Brasília.
Em entrevista coletiva realizada na quarta-feira (24), o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, informou que doze inquéritos policiais foram abertos para apurar os crimes. Segundo ele, a investigação busca não apenas identificar os responsáveis, mas também rastrear o destino do dinheiro desviado.
“Há indícios do envolvimento de operadores financeiros, além de pessoas físicas e jurídicas que teriam recebido parte desses valores”, afirmou o diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues.
Durante a operação, a PF apreendeu diversos bens de alto valor, como veículos de luxo, obras de arte e relógios, que podem ter sido adquiridos com recursos provenientes do esquema ilegal.
Como funcionava o esquema
Segundo apuração da Polícia Federal e da Controladoria-Geral da União (CGU), associações e entidades firmavam descontos mensais nos benefícios de aposentados e pensionistas sem autorização. Essas cobranças se baseavam, em muitos casos, em assinaturas falsificadas.
As instituições envolvidas prometiam benefícios como planos de saúde e convênios com academias, sem, de fato, oferecer esses serviços ou contar com estrutura para tanto. Os valores eram descontados diretamente da folha de pagamento dos beneficiários do INSS.
Como resultado imediato das investigações, seis servidores públicos foram afastados de suas funções. Entre eles está o ex-presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, que foi demitido após ser citado nas investigações.
A operação segue em andamento, e a expectativa é que novas fases sejam deflagradas conforme os materiais apreendidos forem analisados.