Justiça condena envolvidos no assassinato da estudante Roberta Dias, 13 anos após o crime

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POR REDAÇÃO

Mais de uma década após um dos crimes mais marcantes de Alagoas, a Justiça finalmente condenou dois dos acusados pelo assassinato de Roberta Dias, jovem de 18 anos, estudante do Instituto Federal de Alagoas (Ifal), que foi morta grávida de três meses em abril de 2012. O caso, que abalou a cidade de Penedo, teve um desfecho parcial nesta semana com a sentença dos envolvidos.

Karlo Bruno Pereira foi condenado a 15 anos de prisão em regime fechado. Já Mary Jane Araújo Santos, mãe do namorado da vítima, recebeu pena de um ano e dez meses, a ser cumprida em regime aberto. Ambos foram considerados culpados por participação no crime. Saullo de Thasso Araújo dos Santos, pai do bebê e filho de Mary Jane, admitiu em plenário ter participado do assassinato, após anos negando qualquer envolvimento.

Segundo a acusação, Roberta foi vítima de uma emboscada planejada para interromper a gravidez, que não era aceita pela família do rapaz. A jovem foi atraída sob o pretexto de uma consulta médica e levada a um local ermo, onde foi cruelmente asfixiada com um fio automotivo. O crime foi classificado como homicídio triplamente qualificado: por motivo torpe, meio cruel e impossibilidade de defesa. Também foram reconhecidos os crimes de aborto provocado por terceiro, ocultação de cadáver e envolvimento de menor de idade.

O julgamento, que durou três dias, foi marcado por momentos de grande emoção. Um dos mais fortes foi o depoimento de Mônica Reis Costa, mãe da vítima, que relatou o dia em que localizou os restos mortais da filha na Praia do Pontal do Peba, no município de Piaçabuçu. “Pedi uma retroescavadeira e orientei o operador a ter cuidado. Quando os braços apareceram, depois o sutiã… eu soube. Era ela”, contou com voz embargada.

A ossada de Roberta foi encontrada nove anos após seu desaparecimento, enterrada na areia da praia. A confirmação veio por exames realizados pela Perícia Oficial. O crime envolveu ainda um adolescente, que na época dos fatos era menor de idade e foi submetido a medidas socioeducativas, conforme prevê a legislação.

O promotor de Justiça Sitael Jones Lemos reforçou a gravidade do caso, lembrando que Roberta foi assassinada sem chance de defesa e privada, junto ao filho que carregava, do direito à vida. “É impossível mensurar o desespero que ela sentiu ao tentar respirar sem conseguir”, afirmou, emocionando os presentes no tribunal.

Após mais de uma década de dor e incertezas, a família de Roberta Dias vê a Justiça finalmente dar uma resposta. Embora a sentença não apague o sofrimento causado, representa um passo importante na reparação de uma história marcada por violência, silêncio e luta.

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