Neste domingo, 07 de julho, os franceses derrotaram a extrema direita. Três dias antes, no Reino Unido, os eleitores deram maioria absoluta aos trabalhistas e puseram fim aos governos conservadores. Embora haja pouca, quase nenhuma semelhança entre os derrotados nessas eleições, os resultados parecem apontar para uma reorganização das forças políticas mundiais na defesa dos ideais civilizatórios.
Na França, as forças democráticas se reuniram e criaram o que os franceses chamam de cordão sanitário para impedirem a ascensão da extrema direita, que saiu vitoriosa no primeiro turno. Cerca de 200 candidatos retiraram suas candidaturas para concentrar votos naqueles com maiores condições de derrotar os extremistas. Deu certo! As pesquisas nos dias anteriores ao pleito mostravam a extrema direita vitoriosa, podendo inclusive ter maioria absoluta nas cadeiras do parlamento francês. A estratégia adotada pelos democratas franceses levou um número recorde de eleitores às urnas e fez da esquerda a grande vencedora com 182 assentos, o partido do atual presidente obteve 168, e a extrema direita ficou com 143. Ainda assim, uma força política significativa para uma facção cuja luta pode ser resumida ao slogan da própria campanha “Dar futuro às crianças brancas”.
No Reino Unido, os problemas econômicos foram os impulsionadores da derrota do Partido Conservador que estava no poder desde 2010. Para economistas, a saída do Reino Unido da União Europeia, o Brexit, é um dos fatores que provocou a desaceleração da economia em razão das barreiras criadas para empresas britânicas ou empresas estrangeiras, que têm como base o Reino Unido, de comercializarem com a Europa. Além disso, o fato de trabalhadores da União Europeia serem proibidos de permanecerem lá causou a escassez de mão de obra e o consequente aumento do custo de produção e dos preços dos produtos. No ano passado, o Reino Unido entrou oficialmente em recessão.
No Brasil, o candidato a presidente extremista foi derrotado em 2022, mas no parlamento brasileiro e em alguns setores econômicos e da imprensa a defesa dos seus ideais permanece forte. Agarrados a uma pauta de costume, que cheira a idade média, os parlamentares da extrema direita brasileira não apresentam projetos de leis que ataquem os reais problemas da sociedade. Berram, gritam, ofendem, encenam horrores e transformam o Congresso no palco da desesperança.
Já os setores econômicos e os jornalistas alinhados aos extremistas sobem as vozes anunciando o caos, embora os fundamentos da economia como controle da inflação, crescimento do PIB, aumento da renda do trabalhador, queda do desemprego, aumento do consumo das famílias e uma robusta balança comercial forme um quadro positivo para o país, atualmente. São os algozes do futuro.
A França e o Reino Unido estão apontando para um caminho que os brasileiros, depois da experiência do governo passado, resolveram trilhar. Mas é preciso ficar atento para dele não desviar. Neste final de semana, a extrema direita brasileira se reuniu em Santa Catarina com extremistas de vários países. Entre eles o atual presidente da Argentina que vem impondo a seu povo um nível de pobreza nunca visto pelos argentinos. Os discursos giraram em torno de mudanças no judiciário brasileiro para beneficiar o inelegível e a horda, que atendendo ao seu comando, tentou o golpe de Estado em 8 de janeiro de 2023. Nenhuma novidade! O que a extrema direita mundial deseja é o enfraquecimento das instituições democráticas para instalar ditaduras. Se não é assim, como explicar a fala do ministro da justiça e segurança de El Salvador, neste evento – mandamos ‘al carajo’ a Corte Suprema de Justiça.
O Presidente Lula está atento e comprometido com o fortalecimento da democracia, não somente no Brasil. No discurso na cúpula do Mercosul, também neste final de semana, quando condenava a tentativa de golpe na Bolívia, disse – é preciso permanecer vigilante. Falsos democratas tentam solapá-la e colocá-la a serviço de interesses reacionários. Enquanto nossa região seguir entre as mais desiguais do mundo a estabilidade política permanecerá ameaçada.
Preocupação semelhante está presente no primeiro discurso do novo premiê britânico. O Trabalhista Keir Stamer promete a reconstrução da infra estrutura de oportunidades, defendendo que quando existe uma grande diferença entre o sacrifício do povo e o que ele recebe dos políticos o resultado é a desesperança. Stamer aponta para um tempo de estabilidade e confiança no futuro – não importa quão ferozes sejam as tempestades da história, uma das grandes forças desta nação sempre foi nossa capacidade de navegar para águas mais calmas, disse ele. Assim também é no Brasil. Estamos no caminho certo!