Moradores, ONGs e especialistas pedem adiamento de audiência para instalação de Complexo Eólico de Mata Grande

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Representantes da comunidade local, ONGs e especialistas criaram uma petição nesta segunda-feira (17) para solicitar o adiamento da Audiência Pública, que está marcada para o dia 19 de junho, que irá discutir sobre a implantação do Complexo Eólico Mata Grande, localizado na Zona Rural do município de Mata Grande, interior de Alagoas. 

O documento direcionado ao Ministério Público de Alagoas (MP/AL) e o Instituto do Meio Ambiente (IMA/AL) elenca alguns motivos para o adiamento. A exemplo de uma análise técnica insuficiente diante da complexidade de estudos de impacto ambiental (EIA/RIMA) apresentados, que demanda mais tempo para a realização de uma análise mais aprofundada. 

Além disso, o grupo também defende que a divulgação da audiência pública não foi realizada de maneira ampla e inclusiva. Ainda afirmam que há a necessidade de informações complementares para uma melhor compreensão dos impactos ambientais e sociais do empreendimento. 

Impactos ambientais

Ouvida pela reportagem do CadaMinuto, a professora da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), Flávia Moura, afirma que a instalação do Complexo Eólico na região implica em impactos ambientais severos, como a extinção completa da mata, em uma área gigante e equivalente a 200 campos de futebol. 

“O projeto pretende se instalar na área que é um dos últimos refúgios de mata na região do vale do Moxotó em Alagoas. Sua ocupação implica na remoção da cobertura vegetal em uma área de solo raso, com alta declividade e possibilidade de erosão acentuada. Será a destruição do que resta da ‘Mata Grande’, que deu nome ao município e ocorre na área devido aos efeitos da altitude”, explica Moura. 

A especialista argumenta que o relatório apresentado só fez um inventário parcial da flora, se limitando a 31 espécies, “quando é público a lista de pelo menos 64 espécies. Esta omissão é absurda”.  

“A Serra do Parafuso é um dos últimos remanescentes de mata da Região Hidrográfica do Rio Moxotó, incluindo vegetação arbórea de grande porte. Trata-se de um refúgio biogeográfico, possivelmente o mais importante de Alagoas em diversidade biológica e estado de conservação. Abriga espécies da fauna e flora ameaçadas de extinção, de acordo com a portaria MMA nº 148, de 7 de junho de 2022”, acrescenta a professora. 

Proposta de nova data

O grupo sugere que a audiência seja remarcada entre os dias 15 e 20 de julho. Segundo a petição, o motivo é a garantia da participação ampla da comunidade. “Ressaltamos que não somos contra a geração de energia, mas queremos um diálogo claro e amplo que traga o mínimo de impacto ambiental, e principalmente para as comunidades locais e tradicionais”, diz trecho do texto. 

Além disso, também há o pedido para que todo o processo respeite a Carta de Orientações sobre a geração de Energia em Torres Eólicas, elaborada pelo colegiado territorial do Alto Sertão de Alagoas

Por Cada Minuto

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