CPI da Braskem: movimento repudia convocação de professora da Ufal

Compartilhe

Abel Galindo foi um dos primeiros profissionais a alertar sobre o desabamento do teto de uma das minas – Foto: Sandro Lima / Arquivo

O Movimento Unificado das Vítimas da Braskem (MUVB) divulgou ontem, nas suas redes sociais, uma nota oficial expressando publicamente seu repúdio à participação da professora da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), Natallya de Almeida Levino, na CPI da Braskem, no Senado.

“Esse posicionamento coletivo se dá diante da postura antiética que a mesma teve em relação às vítimas da Braskem quando desenvolveu a pesquisa intitulada ‘Caracterização dos trabalhadores informais do antigo mercado de Bebedouro’, que foi financiada pela empresa Diagonal empreendimentos e gestão de negócios”, justificou o MUVB.

Segundo os integrantes do Movimento, a pesquisadora, em abril de 2023, participou de um dossiê com outros especialistas contestando o diagnóstico socioeconômico apresentado pela Diagonal, empresa contratada pela Braskem e que é suspeita por ter relações escusas com a mineradora.

“Poucos meses depois, a professora Natallya Levino, que teceu duras críticas ao trabalho da Diagonal, é contratada pela mesma empresa pra realizar pesquisas com pessoas afetadas pelo crime da Braskem”, argumentaram os signatários da nota.

“A pesquisadora que até então estava ao lado de outros pesquisadores para demonstrar as inconsistências dos estudos da Diagonal e que cresceu em seu trabalho ao lado dos afetados pelo crime, recebeu colaboração desses afetados, na busca de dados para suas pesquisas, sem estes saberem que estavam gerando dados para Braskem”, acrescentaram os representantes das vítimas da mineração.

Eles acusaram a pesquisadora de colher dados para o estudo financiado pela Diagonal, empresa contratada pela Braskem, responsável pelo crime socioambiental que os afetou. “Essas pessoas atingidas colaboraram com a pesquisa sem serem informadas que quem estava por trás desse estudo era a própria empresa que lhes causou o dano”, pontuaram os integrantes do MUVB.

“Dessa forma, as vítimas da Braskem foram desrespeitadas e por isso reprovam a participação da pesquisadora na CPI da Braskem, devido à falta de conduta ética traindo a confiança das vítimas”, concluíram os integrantes da diretoria da Associação do Movimento Unificado das Vítimas da Braskem.

OUTRO LADO

A professora Natallya Levino foi procurada pela reportagem da Tribuna Independente, ontem à tarde, por meio do seu celular, deixamos recado, mas ela não deu retorno. No entanto, o espaço continua aberto para sua defesa e explicações.

Comissão ouve Abel Galindo e José Geraldo Marques nesta terça-feira

A CPI da Braskem faz reunião nesta terça-feira (5/3), às 9 horas, para ouvir três depoentes. Um deles é o engenheiro civil Abel Galindo Marques, professor aposentado da Universidade Federal de Alagoas. Autor dos três requerimentos de convocação, o relator da comissão parlamentar de inquérito, senador Rogério Carvalho (PT-SE), aponta que Abel Galindo foi um dos primeiros profissionais a alertar sobre possibilidade de desabamento do teto de uma das minas escavadas pela Braskem para lavra de sal-gema em Maceió.

A CPI também vai ouvir o ativista alagoano José Geraldo Marques, doutor em ecologia. De acordo com Rogério Carvalho, Marques é uma das vítimas da evacuação dos bairros atingidos pela mineração da Braskem. Ele teria sofrido pressões e ameaças por se opor à instalação da empresa Salgema, ligada à Braskem, e enfrentado muitas reações por criticar a decisão do governo da época pela implantação da indústria. José Geraldo e Abel Galindo são autores do livro ‘Rasgando a Cortina de Silêncios: o lado B da exploração de sal-gema em Maceió’.

A engenheira Natallya de Almeida Levino, professora da Universidade Federal de Alagoas, também será ouvida pela CPI nesta terça-feira. Segundo o requerimento, a professora é coordenadora de uma pesquisa sobre as dimensões econômica, social e ambiental da subsidência (movimento, relativamente lento, de afundamento de terrenos) que atinge cinco bairros de Maceió.

Diretor da ANM e geólogo

Na quarta-feira (6/3), às 9h, a CPI volta a se reunir para ouvir dois depoentes. Um deles é o diretor-geral da Agência Nacional de Mineração (ANM), Mauro Henrique Moreira Sousa. O outro depoente é o geólogo Thales Sampaio, aposentado da Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM).

Os requerimentos para a convocação de Thales Sampaio e de Mauro Sousa foram apresentados pelo senador Rodrigo Cunha (Podemos-AL). Segundo o senador, os depoimentos dos convocados vão contribuir com os trabalhos da Comissão. As duas convocações foram aprovadas em meio a vários outros requerimentos para oitivas na CPI.

“Thales Sampaio é uma pessoa que foi determinante para que se conseguisse responsabilizar a empresa Braskem. Ele fez um laudo técnico, passou vários meses morando em Maceió, reuniu tecnologia do mundo inteiro e teve a responsabilidade de colocar no papel o que estava acontecendo. Começando com ele aqui, para que ele faça esse resgate histórico, ele colocará todos nós na mesma página”, registrou Rodrigo Cunha.

Senado põe nome de alagoano assassinado no “Livro dos Heróis da Pátria”

O Senado aprovou na terça-feira (27/2), por meio da sua Comissão de Educação, o Projeto de Lei número 3.663/2023, que inclui o nome do ex-procurador da República, Pedro Jorge de Melo e Silva, no ‘Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria’. O texto da senadora Teresa Leitão (PT-PE), que recebeu relatório favorável do senador Humberto Costa (PT-PE), foi lido no colegiado pela senadora Zenaide Maia (PSD-RN). A proposta segue agora para a Câmara dos Deputados, se não houver recurso para votação em Plenário.

O procurador Pedro Jorge nasceu em Maceió, em 1946. Aos 28 anos, ingressou no Ministério Público Federal de Pernambuco. Em 1982, três meses após denunciar autoridades envolvidas em um esquema de corrupção, conhecido como “Escândalo da Mandioca”, ele foi assassinado em Olinda (PE), com tiros à queima-roupa. O mandante do crime, um ex-major da Polícia Militar de Pernamnbuco, e o responsável por efetuar os disparos, foram condenados a 30 anos de prisão.

O esquema de corrupção, conhecido como “Escândalo da Mandioca”, denunciado por Pedro Jorge de Melo e Silva, ocorreu entre 1979 e 1981, no município de Floresta (PE). Na época, criminosos se passaram por produtores rurais para conseguir empréstimos e seguros no Banco do Brasil, a pretexto de plantar mandioca, mas os recursos foram desviados para outras finalidades. Segundo a Associação Nacional dos Procuradores da República, os recursos desviados totalizaram o equivalente a R$ 30 milhões em valores atualizados.

“O assassinato chocou o país e contribuiu para que fosse iniciado um amplo debate sobre a importância do Ministério Público para a sociedade e sobre as garantias necessárias para que os membros da instituição pudessem desenvolver um trabalho livre de pressões”, relatou a senadora Teresa Leitão, na justificativa do projeto.

“O procurador Pedro Jorge representa o Ministério Público Federal que conhecemos hoje. Para todos nós, ele é um dos símbolos da luta contra a corrupção em nosso país e suas ações motivaram a criação de mecanismos robustos para combater esse crime que tanto cria mazelas para a nossa sociedade”, argumentou o senador Humberto Costa, no relatório lido pela senadora Zenaide Maia.

64 HERÓIS DA PÁTRIA

De acordo com a Agência Senado, o ‘Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria’ fica no memorial cívico Panteão da Pátria e da Liberdade Tancredo Neves, na Praça dos Três Poderes, em Brasília. O livro é destinado ao registro do nome de brasileiros e brasileiras que tenham oferecido à vida para a defesa e a construção do Brasil, com dedicação e heroísmo, como determina a Lei 11.597, de 2007.

Herói ou heroína da pátria é um título dado a personalidades que tiveram papel fundamental na defesa ou na construção do país. O nome do homenageado é registrado no ‘Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria’ ou ‘Livro de Aço”, pois a obra de fato é formada por páginas de aço — abrigado no Panteão da Pátria, na Praça dos Três Poderes, em Brasília.

Segundo a Agência Senado, o livro foi criado em 1992 e reúne protagonistas da liberdade e da democracia, que dedicaram sua vida ao país em algum momento da história. A inscrição de um novo personagem depende de lei aprovada no Congresso.

Até março de 2023, 64 títulos foram inscritos no ‘Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria’, sendo 51 homens e 13 mulheres. São militares, escritores ou intelectuais, revolucionários, políticos, enfermeiros, inventores, músicos e um imperador. Entre os heróis e heroínas brasileiros, estão nomes como Tiradentes, Anita Garibaldi, Chico Mendes, Zumbi dos Palmares, Machado de Assis, Chico Xavier, Santos Dumont e Zuzu Angel. A lista completa está disponível no site da Agência Senado.

Abel Galindo foi um dos primeiros profissionais a alertar sobre o desabamento do teto de uma das minas – Foto: Sandro Lima / Arquivo

O Movimento Unificado das Vítimas da Braskem (MUVB) divulgou ontem, nas suas redes sociais, uma nota oficial expressando publicamente seu repúdio à participação da professora da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), Natallya de Almeida Levino, na CPI da Braskem, no Senado.

“Esse posicionamento coletivo se dá diante da postura antiética que a mesma teve em relação às vítimas da Braskem quando desenvolveu a pesquisa intitulada ‘Caracterização dos trabalhadores informais do antigo mercado de Bebedouro’, que foi financiada pela empresa Diagonal empreendimentos e gestão de negócios”, justificou o MUVB.

Segundo os integrantes do Movimento, a pesquisadora, em abril de 2023, participou de um dossiê com outros especialistas contestando o diagnóstico socioeconômico apresentado pela Diagonal, empresa contratada pela Braskem e que é suspeita por ter relações escusas com a mineradora.

“Poucos meses depois, a professora Natallya Levino, que teceu duras críticas ao trabalho da Diagonal, é contratada pela mesma empresa pra realizar pesquisas com pessoas afetadas pelo crime da Braskem”, argumentaram os signatários da nota.

“A pesquisadora que até então estava ao lado de outros pesquisadores para demonstrar as inconsistências dos estudos da Diagonal e que cresceu em seu trabalho ao lado dos afetados pelo crime, recebeu colaboração desses afetados, na busca de dados para suas pesquisas, sem estes saberem que estavam gerando dados para Braskem”, acrescentaram os representantes das vítimas da mineração.

Eles acusaram a pesquisadora de colher dados para o estudo financiado pela Diagonal, empresa contratada pela Braskem, responsável pelo crime socioambiental que os afetou. “Essas pessoas atingidas colaboraram com a pesquisa sem serem informadas que quem estava por trás desse estudo era a própria empresa que lhes causou o dano”, pontuaram os integrantes do MUVB.

“Dessa forma, as vítimas da Braskem foram desrespeitadas e por isso reprovam a participação da pesquisadora na CPI da Braskem, devido à falta de conduta ética traindo a confiança das vítimas”, concluíram os integrantes da diretoria da Associação do Movimento Unificado das Vítimas da Braskem.

OUTRO LADO

A professora Natallya Levino foi procurada pela reportagem da Tribuna Independente, ontem à tarde, por meio do seu celular, deixamos recado, mas ela não deu retorno. No entanto, o espaço continua aberto para sua defesa e explicações.

Comissão ouve Abel Galindo e José Geraldo Marques nesta terça-feira

A CPI da Braskem faz reunião nesta terça-feira (5/3), às 9 horas, para ouvir três depoentes. Um deles é o engenheiro civil Abel Galindo Marques, professor aposentado da Universidade Federal de Alagoas. Autor dos três requerimentos de convocação, o relator da comissão parlamentar de inquérito, senador Rogério Carvalho (PT-SE), aponta que Abel Galindo foi um dos primeiros profissionais a alertar sobre possibilidade de desabamento do teto de uma das minas escavadas pela Braskem para lavra de sal-gema em Maceió.

A CPI também vai ouvir o ativista alagoano José Geraldo Marques, doutor em ecologia. De acordo com Rogério Carvalho, Marques é uma das vítimas da evacuação dos bairros atingidos pela mineração da Braskem. Ele teria sofrido pressões e ameaças por se opor à instalação da empresa Salgema, ligada à Braskem, e enfrentado muitas reações por criticar a decisão do governo da época pela implantação da indústria. José Geraldo e Abel Galindo são autores do livro ‘Rasgando a Cortina de Silêncios: o lado B da exploração de sal-gema em Maceió’.

A engenheira Natallya de Almeida Levino, professora da Universidade Federal de Alagoas, também será ouvida pela CPI nesta terça-feira. Segundo o requerimento, a professora é coordenadora de uma pesquisa sobre as dimensões econômica, social e ambiental da subsidência (movimento, relativamente lento, de afundamento de terrenos) que atinge cinco bairros de Maceió.

Diretor da ANM e geólogo

Na quarta-feira (6/3), às 9h, a CPI volta a se reunir para ouvir dois depoentes. Um deles é o diretor-geral da Agência Nacional de Mineração (ANM), Mauro Henrique Moreira Sousa. O outro depoente é o geólogo Thales Sampaio, aposentado da Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM).

Os requerimentos para a convocação de Thales Sampaio e de Mauro Sousa foram apresentados pelo senador Rodrigo Cunha (Podemos-AL). Segundo o senador, os depoimentos dos convocados vão contribuir com os trabalhos da Comissão. As duas convocações foram aprovadas em meio a vários outros requerimentos para oitivas na CPI.

“Thales Sampaio é uma pessoa que foi determinante para que se conseguisse responsabilizar a empresa Braskem. Ele fez um laudo técnico, passou vários meses morando em Maceió, reuniu tecnologia do mundo inteiro e teve a responsabilidade de colocar no papel o que estava acontecendo. Começando com ele aqui, para que ele faça esse resgate histórico, ele colocará todos nós na mesma página”, registrou Rodrigo Cunha.

Senado põe nome de alagoano assassinado no “Livro dos Heróis da Pátria”

O Senado aprovou na terça-feira (27/2), por meio da sua Comissão de Educação, o Projeto de Lei número 3.663/2023, que inclui o nome do ex-procurador da República, Pedro Jorge de Melo e Silva, no ‘Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria’. O texto da senadora Teresa Leitão (PT-PE), que recebeu relatório favorável do senador Humberto Costa (PT-PE), foi lido no colegiado pela senadora Zenaide Maia (PSD-RN). A proposta segue agora para a Câmara dos Deputados, se não houver recurso para votação em Plenário.

O procurador Pedro Jorge nasceu em Maceió, em 1946. Aos 28 anos, ingressou no Ministério Público Federal de Pernambuco. Em 1982, três meses após denunciar autoridades envolvidas em um esquema de corrupção, conhecido como “Escândalo da Mandioca”, ele foi assassinado em Olinda (PE), com tiros à queima-roupa. O mandante do crime, um ex-major da Polícia Militar de Pernamnbuco, e o responsável por efetuar os disparos, foram condenados a 30 anos de prisão.

O esquema de corrupção, conhecido como “Escândalo da Mandioca”, denunciado por Pedro Jorge de Melo e Silva, ocorreu entre 1979 e 1981, no município de Floresta (PE). Na época, criminosos se passaram por produtores rurais para conseguir empréstimos e seguros no Banco do Brasil, a pretexto de plantar mandioca, mas os recursos foram desviados para outras finalidades. Segundo a Associação Nacional dos Procuradores da República, os recursos desviados totalizaram o equivalente a R$ 30 milhões em valores atualizados.

“O assassinato chocou o país e contribuiu para que fosse iniciado um amplo debate sobre a importância do Ministério Público para a sociedade e sobre as garantias necessárias para que os membros da instituição pudessem desenvolver um trabalho livre de pressões”, relatou a senadora Teresa Leitão, na justificativa do projeto.

“O procurador Pedro Jorge representa o Ministério Público Federal que conhecemos hoje. Para todos nós, ele é um dos símbolos da luta contra a corrupção em nosso país e suas ações motivaram a criação de mecanismos robustos para combater esse crime que tanto cria mazelas para a nossa sociedade”, argumentou o senador Humberto Costa, no relatório lido pela senadora Zenaide Maia.

64 HERÓIS DA PÁTRIA

De acordo com a Agência Senado, o ‘Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria’ fica no memorial cívico Panteão da Pátria e da Liberdade Tancredo Neves, na Praça dos Três Poderes, em Brasília. O livro é destinado ao registro do nome de brasileiros e brasileiras que tenham oferecido à vida para a defesa e a construção do Brasil, com dedicação e heroísmo, como determina a Lei 11.597, de 2007.

Herói ou heroína da pátria é um título dado a personalidades que tiveram papel fundamental na defesa ou na construção do país. O nome do homenageado é registrado no ‘Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria’ ou ‘Livro de Aço”, pois a obra de fato é formada por páginas de aço — abrigado no Panteão da Pátria, na Praça dos Três Poderes, em Brasília.

Segundo a Agência Senado, o livro foi criado em 1992 e reúne protagonistas da liberdade e da democracia, que dedicaram sua vida ao país em algum momento da história. A inscrição de um novo personagem depende de lei aprovada no Congresso.

Até março de 2023, 64 títulos foram inscritos no ‘Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria’, sendo 51 homens e 13 mulheres. São militares, escritores ou intelectuais, revolucionários, políticos, enfermeiros, inventores, músicos e um imperador. Entre os heróis e heroínas brasileiros, estão nomes como Tiradentes, Anita Garibaldi, Chico Mendes, Zumbi dos Palmares, Machado de Assis, Chico Xavier, Santos Dumont e Zuzu Angel. A lista completa está disponível no site da Agência Senado.

Por Ricardo Rodrigues – colaborador / Tribuna Independente

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *