“Prefeito de Maceió não toma conta das UPAs, vai tomar do Hospital do Coração?”

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Renan Filho voltou a criticar aquisição do Hospital do Coração pela Prefeitura de Maceió, na gestão de JHC – Foto: Assessoria

Em entrevista à Rádio CBN, ontem pela manhã, o ministro dos Transportes, Renan Filho, voltou a criticar a aquisição do Hospital do Coração, que passará a ser chamado de Hospital da Cidade (HC), pela Prefeitura de Maceió, por R$ 266 milhões.

“O prefeito de Maceió (JHC) não toma conta das UPAs, que estão inseridas na atenção básica à saúde, vai tomar conta do Hospital do Coração, que é de alta complexidade?”, questionou o ministro e ex-governador de Alagoas.

Segundo Renan Filho, com muito menos, do que foi gasto com a aquisição do Hospital do Coração, ele construiu três hospitais em Alagoas: os hospitais da Mulher, o Metropolitano e da Criança.

Na entrevista, ao jornalista Elias Ferreira, o ministro reafirmou a suspeita de desvio de recursos na aquisição do Hospital do Coração e deu detalhes de como foi feita a transação, com recursos da Braskem, mostrando também que, se a unidade não se adequar ao serviço público e ao atendimento gratuito, não poderá receber recursos do SUS (Sistema Único da Saúde).

Além disso, Renan Filho afirmou que enquanto a prefeitura de Maceió, na gestão de JHC (PL), gasta uma fortuna nesse negócio, a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da Santo Lúcia, no Tabuleiro, está fechada.

DUPLICAÇÃO

O ministro afirmou que esteve no final de semana em Porto de Pedras, no Litoral Norte de Alagoas; garantiu que vai concluir a duplicação da BR-101, cujos alguns trechos, no trajeto das divisas de Alagoas de Pernambuco a Sergipe, estavam inconclusos. Ele também garantiu dar início às obras de construção da ponte ligando Penedo a Neópolis, na divisa de Alagoas com Sergipe, a poucos quilômetros da foz do Rio São Francisco.

No entanto, a parte da entrevista que mais repercutiu, nas mídias sociais, foram as críticas ao prefeito JHC, por conta da aquisição do Hospital do Coração. Ele voltou a tocar no assunto, satirizando o esquema, que “cheira a desvio dos recursos da Braskem”, citando uma expressão usada no comercio: “pague três e leve um”.

De acordo com o ministro, depois do prefeito fazer propaganda da aquisição, a negociata encontra-se agora sob intensa suspeita e escrutínio. Até porque não foi só ele (Renan Filho), que levantou suspeita do negócio, teria sofrido também severas críticas do senador Renan Calheiros, seu pai e presidente do MDB de Alagoas.

“Com certeza, essa negociação ainda vai dar muito o que falar”, comentou o ministro, lembrando que a aquisição do Hospital do Coração pela Prefeitura de Maceió vem sendo questionada abertamente, pelas redes sociais.

De forma irônica, o ex-governador questionou a prudência e a transparência da transação, apontando que o valor investido daria para comprar, ao custo total, pelos menos, três hospitais construídos por ele, durante seu mandato como governador.

Os questionamentos de Renan Filho trouxeram à tona discussões fervorosas sobre o uso de recursos públicos na gestão de JHC e, mais amplamente, sobre as escolhas administrativas na área da saúde pública em Maceió.

Críticas que agora encontram eco em outras lideranças e que podem desaguar em denúncias no Ministério Público Estadual (MPE), no Ministério Público Federal (MPF) e no Tribunal de Contas da União (TCU), já que a manutenção do hospital depende da verba do SUS e de repasses do Ministério da Saúde.

Na opinião do ministro, o prefeito JHC terá muito o que explicar, argumentando que a quantidade substancial de recursos usados na transação poderia ter sido empregada de forma mais estratégica e equitativa, beneficiando uma gama mais ampla da população.

Para Renan Filho, a aquisição do Hospital do Coração, por esse preço, cerca de R$ 266 milhões, “cheira a desvio”, dos recursos que a Prefeitura de Maceió recebeu da Braskem, algo em torno de R$ 1,7 bilhão.

Por Ricardo Rodrigues / Colaborador com Tribuna Independente

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