O deputado federal Daniel Barbosa publicou, nesta sexta-feira (8), um novo artigo, em que reforça seu compromisso, enquanto parlamentar, com o desenvolvimento a educação básica.
O texto é uma celebração ao Dia Mundial da Alfabetização, e faz um recorte histórico sobre a evolução do país como pátria educadora, citando nomes como Paulo Freire e sua contribuição para a educação brasileira.
“Tive o privilégio da boa educação numa sociedade desigual. Consciente disso, pauto minha atuação na Câmara dos Deputados trabalhando em prol dos mais pobres e por educação de boa qualidade e acessível a todos os brasileiros”, diz trecho do artigo.
Confira o texto na íntegra:
UMA PONTE PARA O CONHECIMENTO
No dia 10 de dezembro de 1948, a Organização das Nações Unidas proclamou em Paris a Declaração Universal dos Direitos Humanos. Este documento histórico, elaborado por representantes de correntes jurídicas e culturais de todas as regiões do mundo, surgiu após as atrocidades da Segunda Grande Guerra e pronunciou o direito à vida, à liberdade, ao trabalho e à educação como inseparáveis da condição humana.
Entre outros pontos importantes, a Declaração Universal dos Direitos Humanos afirma que a educação é direito de todos e será direcionada ao pleno desenvolvimento da personalidade humana, promovendo a compreensão, a tolerância e a amizade entre todas as nações e grupos raciais ou religiosos. Prescreve o ensino fundamental obrigatório e gratuito. Fala de paz, respeito e igualdade.
A educação é emancipadora. Nesse contexto, a alfabetização é o passo inicial do aprendizado, que ilumina as trevas e liberta os seres humanos da ignorância, constituindo parte indispensável do processo de combate às desigualdades sociais. Alfabetizar é educar, é civilizar, é abrir as portas para a instrução, qualificando homens e mulheres para conduzir os seus destinos com dignidade.
Paulo Freire, o respeitado educador brasileiro, advertia que a alfabetização ultrapassa a circunstância de saber ler e escrever, convertendo-se na habilidade para ler e compreender o mundo. De fato, a leitura leva à busca do conhecimento, o conhecimento estimula o raciocínio e o raciocínio forma cidadãs e cidadãos críticos, que contribuem para o processo democrático e o desenvolvimento do país.
Platão, em sua conhecida obra A República constrói um diálogo em que Sócrates conta a Glauco uma história sobre conhecimento humano. É o Mito da Caverna, onde as pessoas viviam, desde a infância, acorrentadas a uma realidade distorcida e limitada, imposta por um grupo dominante e aceita sem questionamento. Certo dia, um prisioneiro fugiu e a luz do sol revelou a ele outro cenário, diferente e muito mais abundante do que aquele vivenciado no subterrâneo. Sua volta à caverna para narrar o que descobriu envolvia o risco de ser considerado louco e morto pelos companheiros.
É uma metáfora criada por Platão para expor a ignorância como origem dos preconceitos que inviabilizam o conhecimento da verdade. O mundo da caverna, experimentado apenas pelos sentidos, corresponde à falsa percepção da realidade. Por sua vez, a saída da caverna simboliza a procura pela verdade, existente no mundo inteligível, que só pode ser compreendido pela razão.
Dessa forma, interpretando a alegoria, conclui-se que a razão e o senso crítico derivam da libertação das correntes e são essenciais para atingir o conhecimento verdadeiro. Por isso, voltar à caverna e desoprimir as pessoas da ignorância imposta autoritariamente é dever de todos os que enxergam os benefícios da boa educação para o indivíduo e para a sociedade.
É indescritível a alegria de uma criança ou mesmo de um adulto alfabetizado tardiamente quando se descobre viajando nas aventuras de Júlio Verne, na sabedoria do pequeno príncipe, nas conversas com o pé de laranja lima de José Mauro de Vasconcelos, nas maravilhas de Alice no país das maravilhas ou nas proezas do menino do dedo verde, para ficar apenas nesses poucos exemplos.
Pelos livros é possível ampliar a criatividade, despertar o raciocínio, aprimorar o vocabulário e desenvolver o pensamento crítico. A leitura ajuda a entender a experiência humana sobre a face da terra e, assim, provoca a reflexão. Os bons livros enriquecem a vida, aperfeiçoam o ser humano e abastecem a civilização de ideias.
Entretanto, no Século XXI alfabetizar e disseminar conhecimentos ainda é um desafio de proporções gigantescas. Segundo a UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) há mais de 750 milhões de analfabetos do mundo. Leia-se: 750 milhões de excluídos, número superior ao dobro da população dos Estados Unidos da América e ao triplo da população brasileira. Acrescente-se outros 620 milhões de crianças e adolescentes que não alcançam habilidades mínimas de leitura, escrita e matemática e teremos uma alarmante realidade.
De acordo com os dados da pesquisa nacional recentemente divulgada pelo IBGE, no Brasil as taxas de analfabetismo diminuíram nos últimos anos, mas permanecem distantes do ideal e atingem com mais força os idosos, pretos e pardos. O total de analfabetos no Nordeste é quatro vezes maior do que no Sudeste. Dos quase dez milhões de brasileiros que não sabem ler e escrever, 59,4% vivem no Nordeste e 54,1% têm mais de 60 anos. Piauí, Alagoas e Paraíba registraram o maior número de analfabetos.
É fácil perceber que se faltar educação, especialmente a educação fundamental, a humanidade caminha, sonâmbula, em direção à catástrofe. Sem dúvida, a necessidade de alfabetizar todo o planeta não deve ser esquecida. O mundo precisa cada vez mais de pessoas capazes de raciocinar para enfrentar os seus problemas, inclusive os ambientais. E, certamente, privar milhões de seres humanos da habilidade de ler, escrever e se comunicar não ajuda a construir bons caminhos.
Exatamente para conscientizar a população mundial da importância de aprender a ler e escrever, bem como para debater e encontrar alternativas viáveis de acesso pleno ao ensino fundamental, a ONU e a UNESCO instituíram, em 1967, a data de 8 de setembro como o Dia Mundial da Alfabetização.
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A instrução e a aprendizagem permanente ao longo da vida é uma questão de dignidade humana e repercute na construção de sociedades mais inclusivas, justas e sustentáveis, imprescindíveis a um mundo melhor para todos. É inaceitável que em pleno Século XXI o planeta conviva com altos índices de analfabetismo.
É preciso reconhecer algumas coisas básicas. Primeiro, alfabetizar não se reduz a ensinar a ler e escrever. A alfabetização possibilita o acesso e troca de informações importantes que refletem na saúde e nos direitos individuais, envolvendo, por exemplo, questões sanitárias, ambientais, previdenciárias e trabalhistas. Segundo, é por meio da alfabetização que abrimos a estrada do conhecimento, cuja acumulação se dará pela leitura e pelo estudo. O cidadão e a cidadã, aparelhados de informações, estão habilitados a prosperar cultural, intelectual e profissionalmente, colaborando para o desenvolvimento econômico e social.
Educação é via de mão dupla. Reduz a injustiça social, beneficia as pessoas, não toma nada de ninguém e ilumina tanto quem a recebe quanto quem a proporciona. O conhecimento deve ser reconhecido e tratado como um bem social, de circulação universal e acessível a todos.
O analfabetismo alimenta a pobreza, nas áreas rurais e urbanas. Privar seres humanos da educação básica é uma crueldade e, nessa conjuntura mundial, é urgente dar prioridade à alfabetização, disseminar o conhecimento e, de quebra, combater as notícias falsas em suas origens.
Finalmente, expresso meu reconhecimento pelo trabalho e dedicação dos profissionais da rede municipal de ensino de Arapiraca/AL, que aprimoram a formação pedagógica e gerencial dos docentes e gestores, fornecem materiais escolares adequados e investem no acompanhamento da aprendizagem dos alunos, por meio de atenção individualizada, a fim de que os alunos estejam alfabetizados até o 2º ano do Ensino Fundamental. É o Programa Tempo de Aprender. Outro aspecto digno de menção é que o município arapiraquense supera as metas estabelecidas pelo IDEB, que mede a qualidade da educação básica.
Tive o privilégio da boa educação numa sociedade desigual. Consciente disso, pauto minha atuação na Câmara dos Deputados trabalhando em prol dos mais pobres e por uma educação de boa qualidade acessível a todos os brasileiros. É com eles que tenho compromissos inadiáveis para ajudar a reduzir as disparidades e promover a mais ampla inclusão social. É o meu propósito, é a minha luta e o meu caminho de vida.
Por Assessoria