Oito meses após o crime, pai de Marcelo Leite aguarda justiça pelo filho

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Notícia da promoção dos PMs envolvidos revoltou familiares

Bastante abalado, o pai do jovem Marcelo Leite que faleceu após ser atingido por um tiro de fuzil disparado por policiais em Arapiraca conversou com a equipe do Jornal do Interior sobre os desdobramentos do caso. Já se passaram oito meses desde que a família perdeu Marcelo de forma violenta e para a família, a luta por justiça permanece.

Nesta segunda-feira (28) a promoção de três dos quatro PMs envolvidos na morte do empresário arapiraquense revoltou internautas.  A promoção de três dos quatro PMs foi publicada no instagram do 3º BPM. Thalles Shilmaney revelou o descontentamento com a notícia, para ele, mesmo que a promoção seja automática pelo tempo de serviço, o recado que passa para a sociedade é o de que a impunidade prevalece.

“O que nos deixou indignados foi que enquanto nós aguardamos que realmente venha a punição que venha a expulsão desses PMs, a gente é surpreendido com uma promoção incabida. Mesmo que esteja previsto, mesmo que ela seja automática, por tempo de serviço, ela é indecente. Será que o comando da polícia militar não vê um negócio desse? Não respeita a dor da família? Isso é um escárnio, devia deixar bloqueado a promoção até sair a sentença, se realmente eles forem inocentados, eles recebem a promoção e os proventos, mas neste momento é de uma indecência e de uma imoralidade enorme”, desabafou.

Segundo o empresário e pai da vítima, os advogados da família estão estudando o que pode ser feito além de preparar um documento para ser entregue às autoridades. “Agora também nos reanimou para, com mais força, a gente buscar mais justiça. A gente cria mais ânimo para continuar lutando por justiça de forma mais forte”.

Emocionado, Thalles diz que desde o ocorrido a família, que sempre foi bastante feliz e unida, vem sofrendo com a perda e a falta de respostas do poder público.“Há uma expectativa da gente desde sempre pela expulsão desses maus profissionais, o que aconteceu ali foi um erro funcional gravíssimo que custou a vida do meu filho e a felicidade da minha família. Eu sempre zelei pela felicidade da minha família, como eu acredito que todo pai faz. Minha família sempre foi uma família feliz, então por um erro de um mau policial meu filho perdeu a vida e minha família perdeu a felicidade. A gente só quer a justiça, que as coisas ocorram como tem que ser, dentro das leis obviamente, mas que efetivamente a punição venha”, revela.

A família ganhou apoio do senador Rodrigo Cunha que levou o caso à tribuna do Senado Federal nesta semana. “Em Arapiraca, minha cidade natal, o empresário Marcelo Leite perdeu a vida em um incidente policial com tiros de fuzil no final de 2022. E três policiais investigados e apontados como responsáveis por esta morte foram promovidos pela Polícia Militar. O 3º Batalhão de Arapiraca anunciou que três dos réus envolvidos foram promovidos à pate

nte de sargento. Um destes PMs também esteve envolvido na abordagem que resultou na trágica morte do adolescente Danilo Fernando, de 17 anos, em 2021. Defendo que policiais acusados em situação sub judice tenham suas promoções bloqueadas, até o trânsito em julgado de suas sentenças. Se considerados culpados, devem ser demitidos da corporação. Se considerados inocentes, devem ter direito às suas promoções, inclusive com reparações. O que não se pode é premiar PMs que respondem a processos, especialmente em caso de homicídio e corrupção. A família e os amigos do empresário Marcelo Leite têm minha total solidariedade. Esta promoção dos três PMs é absurda, injusta e reforça a sensação de injustiça que impera em Alagoas e no Brasil” disse Rodrigo Cunha.

Os policiais que estavam na viatura envolvida no caso foram indiciados por homicídio, denunciação caluniosa, relacionada à acusação de que Marcelo estaria portando uma arma de fogo, e fraude processual devido à mudança da cena do crime. As testemunhas começaram a serem ouvidas no início do mês, mas ainda sem data definida para novas oitivas. 

Foto: Roberto Baia

Fonte: Jornal do Interior/ Lysanne Ferro

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