O São João de Arapiraca de 2023 homenageia umas das figuras mais importantes da cultura no agreste alagoano: o Mestre Miguel Vieira. As festividades juninas por toda a cidade fazem menção ao cantor, compositor e multi-instrumentista conhecido como o “Príncipe do Carimbó”.
Em solenidade especial neste sábado (01), no Palco Principal onde acontecem os shows no Lago da Perucaba, o Mestre da Cultura e símbolo de gerações de artistas será homenageado pela Prefeitura de Arapiraca, com a entrega de um troféu e certificado simbólicos. A homenagem terá início a partir das 22h, com a participação de artistas locais.
Apesar de ter nascido em Palmeira dos Índios, Miguel Vieira mudou-se para Arapiraca em sua juventude e é arapiraquense com muito amor. Por aqui, ele espalhou seu legado e construiu uma árvore genealógica cheia de artistas, mas viver da arte nunca foi fácil ou suficiente. Miguel Vieira enfrentou dificuldades financeiras desde cedo e trabalhou vendendo tomates na feira do município e em serviços de carroça para sustentar sua família.
Há mais de cinquenta anos, ele reside na rua Delmiro Gouveia, próximo às antigas Olarias que ajudaram a construir a cidade nas décadas de 1920, utilizando tijolos e telhas de argila retirados das margens do Riacho Piauí. Hoje, o local é conhecido como Bosque das Arapiracas, um dos principais cartões-postais da cidade.
Legado do Mestre
Miguel Vieira é reconhecido como um dos melhores compositores da música popular brasileira e é um talentoso multi-instrumentista, especialmente na sanfona. Suas canções são verdadeiras representantes do trovadorismo, combinando melodiosos instrumentos contemporâneos. Sua contribuição para a arte levou o nome de Arapiraca aos quatro cantos do país, como também um habilidoso comunicador e locutor da história da comunicação.
Seu filho, Robson Dules, foi uma das dezenas de pessoas influenciadas pela arte do Mestre Miguel. Atualmente, ele segue uma carreira musical, atuando como tecladista, guitarrista e cantor no meio gospel.
Quando criança, ele conta que participava dos shows de seu pai nos circos, tocando triângulo no grupo de Pé de Serra chamado Trio Alagoano. Conforme o tempo passava, as coisas se modernizaram, e aos 10 anos, Robson e seu pai formaram a Banda Dules, uma banda de baile.
A carreira musical de Robson avançou, e aos 20 anos, ele e seu pai foram para Maceió gravar seu primeiro disco de vinil com a banda Limão com Doce, apadrinhados pelo cantor Alcymar Monteiro. A estreia da banda ocorreu no ginásio Quintela Cavalcante, em Arapiraca. No entanto, devido a dificuldades financeiras e falta de apoio político, a carreira da banda chegou ao fim, pois não conseguiram competir com as novas bandas surgindo na época.
Apesar disso, Miguel Vieira nunca deixou a música. Ele continuou trabalhando em programas de forró nas rádios da região e influenciou seus filhos a seguirem a mesma paixão. Atualmente, Robson apresenta um programa de rádio em Maribondo, chamado “Sábado Show”, e não deixou seu apego à arte. “Hoje tenho filhos que também são músicos, estão fazendo suas histórias […] e tudo isso se deve à genética do meu pai, Miguel Vieira”, disse ele.
Por Assessoria
