O reajuste da tarifa de ônibus, válido a partir desta quarta-feira (31), surpreendeu os usuários do transporte público de Maceió. As passagens sofreram uma recomposição de preços da ordem de 4% para os usuários do Cartão Vamu Cidadão, passando de R$ 3,35 para R$ 3,49. Já para o setor empresarial, que faz a aquisição do vale-transporte, via cartões de crédito ou QR Code, a passagem final fica em R$ 4.
Os estudantes têm direito a 44 passagens gratuitas durante o mês. Se excederem esse número, podem recarregar o cartão pagando 50% do valor da tarifa, equivalente a R$ 2. A alteração foi publicada no Diário Oficial do Município (DOM) de ontem (30).
A cartorária Graça Oliveira é um dos usuários que não estavam esperando aumento. “Eu não estava esperando, foi de surpresa, de uma para outra. Pego ônibus dois dias por semana, mas mesmo assim pesa”, afirmou.
A auxiliar de cartório Carolina de Azevedo disse que correu logo para recarregar ainda com o valor antigo, já que quem tem dinheiro no cartão Vamu continua pagando o valor antigo até a próxima recarga. “Pego ônibus todos os dias, então recarreguei logo. Eu achei que demorou muito para ter o aumento, acho que o último foi antes da pandemia. Não reclamo do valor porque tem combustível, têm os profissionais. Então não posso ver somente o meu lado, mas garanti logo com o valor antigo por mais um tempo”, contou.
Já a auxiliar administrativa Alice Santos disse que já esperava o aumento. “Já esperava porque tudo aumentou, gasolina aumentou, acho até que demorou para aumentar porque comparado aos outros estados aqui era mais barato”, disse.
Para o presidente da Unidade Popular Ésio Melo, que criou o Comitê pela Redução das Passagens em 2019, a população fica totalmente excluída das decisões da prefeitura de Maceió, em tudo. “Não se passa por conselhos e não tem controle popular dos investimentos públicos e nem das ações da prefeitura. É tudo um conluio entre o prefeito e os empresários, isso de determinar o valor da passagem, como também outras decisões que impactam na vida de toda a população de Maceió”, afirmou.
Entidades querem suspensão do aumento e qualidade no transporte coletivo
O presidente da Unidade Popular Ésio Melo destacou que estão convocando as entidades, organizações e partidos para lutar contra o aumento e defender melhores condições de transporte coletivo. “A Maceió real – e não a dos turistas – espera horas e horas por ônibus e sofre com a falta de planejamento urbano”, disse.
O atual diretor da Confederação Nacional das Associações de Moradores e Entidades Comunitárias do Brasil em Alagoas (ConamBrasil Alagoas), Antônio Sabino, também afirmou que vão lutar para suspender o aumento, considerado abusivo e anunciado de surpresa.
“Não esperávamos, o usuário do transporte público coletivo de Maceió sempre tem sido pego de surpresa pela Prefeitura. Travamos uma grande luta contra os aumentos das tarifas dos transportes públicos coletivos de Maceió e, com certeza, vamos somar esforços com entidades da sociedade civil com o objetivo de suspender esse aumento abusivo. Inicialmente, vamos provocar o Ministério Público Estadual, na tentativa de convertê-lo, instalar uma reunião ampliada com a sociedade civil organizada, onde na oportunidade iremos contestar esse aumento abusivo”, afirmou.
Segundo o Departamento Municipal de Transportes e Trânsito (DMTT), o reajuste da tarifa de ônibus foi realizado com base em análises do Sistema Integrado de Mobilidade de Maceió (SIMM), conforme previsto no contrato de concessão do transporte público da capital.
O departamento disse que o processo para atualização da tarifa está sendo acompanhado pelos Ministério Públicos de Contas e Estadual. E ressaltou que a nova tarifa assegura a manutenção de políticas públicas para os cidadãos, a exemplo do Passe Livre Estudantil, Domingo é Livre e os ônibus com ar-condicionado, os “Geladões”.
Ainda de acordo com o DMTT, há dois anos, quando a passagem foi reduzida em trinta centavos, caindo de R$ 3,65 para R$ 3,35, com o salário mínimo valendo R$ 1.100, o gasto relacionado ao transporte era correspondente a 13,40%. Considerando o salário mínimo vigente (R$ 1.320) e o gasto com 44 passagens em um mês, apesar da recomposição no preço, o maceioense irá comprometer um percentual ainda menor do orçamento doméstico: 11,63%.
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Por Luciana Beder – Colaboradora com Tribuna Independente