A discussão sobre a abertura de quatro vias no Corredor Vera Arruda se tornou uma bandeira de defesa de alguns vereadores da Câmara Municipal de Arapiraca. A vereadora Teca Nelma tem usado a tribuna da casa e as redes sociais para criticar o projeto que propõe retirar mais um espaço de convívio e passagem de pedestres da região.
Além de representante do povo maceioense, Teca mora no entorno do Vera Arruda e faz parte da parcela que será afetada pela mudança. Para ela, a proposta da SMTT e prefeitura coloca Maceió no atraso dentro do debate de acesso à cidade. “A abertura das vias impacta diretamente as características que fazem daquele espaço adequado para o convívio, lazer e manifestações culturais da cidade. Por inúmeras vezes destaquei o conceito de cidades inteligentes, que está relacionado a construção de um espaço urbano que facilite e estimule o acesso das pessoas e não o contrário. Então, quando a gestão municipal resolve por abrir vias e descaracterizar o Vera Arruda, ela está passando a imagem de que não há interesse em consolidar uma cidade que de fato prioriza o bem-estar da população, em primeiro lugar”, disse em entrevista para o Jornal do Interior.
Recentemente, a proposta da vereadora de transformar o espaço Patrimônio Ambiental e Cultural de Maceió foi acolhida pela Fundação Municipal de Ação e Cultura (Fmac) e encaminhou para Secretaria de Desenvolvimento Territorial e Meio Ambiente (SEDET) um parecer favorável, para que avance a proposta. Essa demanda foi apresentada pela vereadora em 2021, antes mesmo do projeto ser apresentado pela SMTT.
A pauta levanta outra questão importante para Maceió, a construção do plano diretor participativo. ”Continuaremos, aqui na Câmara, cobrando a construção pública e democrática do nosso plano diretor e de um plano de mobilidade urbana, documentos fundamentais para pensar nossa cidade”, defendeu.
Além de Teca Nelma, o deputado estadual Dudu Ronalsa entrou com uma ação popular com um pedido de liminar para impedir a abertura das ruas, apontando que o projeto trará dano coletivo e moral para os maceioenses. No documento, o parlamentar defendeu a manutenção do espaço de convívio que transformou a região. “É possível verificar que a principal dinâmica cultural que se desenvolveu no Corredor Vera Arruda foi a permanente inserção das crianças e idosos no espaço público, que justamente em razão da ausência de trânsito de veículos e pessoas se tornou um lugar seguro para o desenvolvimento de atividades desses dois grupos populacionais. É importante destacar que as crianças e idosos são dois grupos especialmente protegidos pelo bloco de constitucionalidade brasileiro, que dá especial atenção à cultura, lazer e garantia de uma vida em comunidade”, diz trecho.
Relembre o caso
A pauta foi colocada pela Prefeitura de Maceió e SMTT ainda em março, com uma consulta pública virtual que foi bastante criticada. A SMTT chegou a apresentar um estudo da viabilidade da abertura e defende que a abertura diminuiria o congestionamento da região.
Os parlamentares de Maceió participaram de uma audiência pública para debater o assunto, proposta pela vereadora Teca Nelma, com os representantes da prefeitura, SMTT e moradores.
Um dos objetivos de abertura das ruas do corredor Vera Arruda é diminuir o tempo de viagem de quem utiliza o transporte público. A SMTT argumenta que a abertura diminuiria pela metade o tempo gasto nos trajetos na região. Diversos estudiosos da mobilidade urbana questionam a abertura das vias e discordam que seja uma proposta que de fato melhore o tráfego da região.
O Vera Arruda é um aparelho público de lazer e esportes com mais de um quilômetro de extensão, sendo bastante utilizado por pessoas de todas as idades.
Fonte: jornal do interior/ Lysanne Ferro