Bloco do Zum Zum: Uma paixão além do carnaval

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Foi uma abeia

Uma abeia que mordeu

Disseram pobe coitado

Mas quem sentiu a dô fui eu (bis)

Abaxa abaxa bem abaxadinho

Abaxa abaxa bem abaxadinho

Bloco do Zum Zum já vem no caminho

Bloco do Zum Zum já vem no caminho

Ele vem trazendo o tambô na mão

Ele vem trazendo o tambô na mão

Para alegrar o seu coração

Para alegrar o seu coração

Era assim que os jovens arapiraquenses entravam na avenida dos carnavais da cidade entre as décadas de 60 e 70. O Bloco do Zum Zum reuniu parte da juventude que seguia em procissão durante os dias de folia e as noites nos bailes no Clube dos Fumicultores. Despretensiosos, começaram a se reunir para curtir, mal sabiam tocar um instrumento e contaram com a ajuda do professor Pedro Reis para terem seus primeiros instrumentos. O grupo reunia aproximadamente 60 amigos e amigas, a irreverência do grupo percorria as ruas do Centro de Arapiraca e eram recebidos nas casas pelas famílias que gostavam do grupo. Em troca, os foliões improvisavam marchinhas para os donos das casas. 

Dona Maria

Mulé  de ouro

Vale um tesouro

A sua bela famia

Gostei de vê

Sua presença

Pois a recompensa

Deus vai le dá

Todo dia.

Oia a abeia, zum-zum-zum

Oia a abeia, zum-zum-zum…

O seu fundador, Ubirajara Almeida, conhecido como Bira, trouxe do Rio de Janeiro para a capital do Agreste o estilo e a liberdade que fervilhava no sudeste. “Digo, com muita honra, que hoje é uma lenda para as gerações que nos viram  abrilhantando a cidade, com nossa irreverência, levando sonhos fantásticos para que fossem dissipados  nos dias momescos.  No ano seguinte várias pessoas  foram convidadas e  reuniões necessárias  para traçarmos os planos do bloco,  como trajes,  repertório, trajetos, horários, uma nova confecção do estandarte. Alguns  desfilavam no dia que desse vontade, nada levado a sério , não havia profissionalismo ainda. Fomos levando o barco pois a entrada de novos participantes  exigiam mais esforços da comissão organizadora”, disse Bira há mais de dez anos ao relembrar a criação do bloco em uma conversa com Eli Mário Magalhães. O poeta e professor Ubirajara foi mais uma vítima da Covid-19 e faleceu em 2021. 

A cada ano, o bloco gerava a expectativa do público. Como viria na avenida o grupo? Qual seria a música, criada por eles, a ficar na cabeça de quem assistia o espetáculo? Na comemoração do Cinquentenário de Arapiraca, o Zum Zum desfilou nas ruas com uma música com batidas próprias, que relembravam o folclore tradicional, criada pelo jornalista Eli Mário Magalhães em homenagem à cidade de Manoel André. 

Oia a abeia Zum Zum Zum

Oia a abeia Zum Zum Zum

E o povo de Arapiraca bem contente

Com o Bloco do Zum Zum   

Sempre animando essa gente

E o povo de Arapiraca bem contente

Com o Bloco do Zum Zum   

Sempre animando essa gente

Ano de setenta e quatro

Data de aniversário

Arapiraca hoje vibra

Com o seu cinquentenário

Ano de setenta e quatro

Data de aniversário

Arapiraca hoje vibra

Com o seu cinquentenário

É Zum Zum no pé

É Zum Zum na lata

É Zum Zum no corpo 

Da minha mulata

E o nosso Zum Zum faz o carnaval

Do cinquentenário de Arapiraca

Oia a abeia Zum Zum Zum

Oia a abeia Zum Zum Zum

Por dez anos, o bloco era a sensação da época, em 1975 fizeram seu último grande desfile e aos poucos se dispersaram. Apesar de quarenta anos terem se passado, os foliões da “abeia” mantêm vivas as boas memórias desses tempos. Em 2015, o grupo se reuniu para relembrar as histórias que foram guardadas pelas ruas de Arapiraca. O reencontro contou com a presença do folião e ex-prefeito arapiraquense João Nascimento, que faleceu alguns meses depois, e o saudoso Paulo do Bar, que recebeu todos os anos o grupo em sua casa durante os dias de folia. 

A avenida recebeu mais uma vez os foliões do Zum Zum, agora com suas famílias, em 2019, no Folia de Rua que contou com diversos blocos tradicionais de Arapiraca, como A Pinta, Tengo Tengo e a Bandinha do Dedé.

Fonte: Jornal de Arapiraca

Lysanne Ferro, Roberto Baía, Manoel Lira e Eli Mário Magalhães

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